Haicai (Haikai)
Haicai
O Haicai, também chamado de haiku, é uma forma poética japonesa conhecida pela sua simplicidade. Originou-se no século XVII como parte do "renga", um poema colaborativo composto por versos interligados de vários autores. Naquela época, o haicai representava os três primeiros versos do renga, definindo o tema e o tom para os outros autores continuarem.
Matsu Basho (1644-1694) foi um dos pioneiros desta forma de Arte, Basho acreditava que o haicai deveria expressar o espírito da solidão e da simplicidade, além de capturar a essência da natureza e a passagem do tempo.
O haicai
japonês tem três características:
· 1-
Forma “teikei”: são três versos
de 5, 7 e 5 sons “onji”, sem rima nem título, sendo a primeira linha de 5
sílabas poéticas, a segunda linha de 7 sílabas poéticas e a
terceira de 5 sílabas poéticas.
· 2- Corte “kire”: É a divisão do haicai em duas partes,
ou seja, duas frases de sentido completo, distribuídas em três versos. Em
japonês, a divisão entre as duas frases é marcada por palavras tradicionais
chamadas de “palavras-de-corte” "kireji". No Ocidente, o corte normalmente é
indicado por sinais de pontuação ao fim da primeira ou da segunda linha.
3- Kigo “palavra de estação”: é o termo que indica a estação do ano em se situa o haicai. Os japoneses possuem uma compreensão muito rica e sutil da passagem das estações, marcada por plantas, animais, paisagens e ações humanas específicas de cada época. Um haicai tradicional japonês deve ter obrigatoriamente um kigo.
Em meados do século XX, diversos autores brasileiros adotaram a forma do haicai, mas tomaram a liberdade de escrever a sua maneira, ou seja, sem levar em conta as regras japonesas. Os poetas que popularizaram o haicai no Brasil foram Guilherme de Almeida, Haroldo Campos, Paulo Leminski, Mário Quintana, Alice Ruiz, entre outros.
No exemplo abaixo, um haicai de Matsu Bahsô. Como se trata de uma tradução, as regras japonesas são se encaixam:
"Nos galhos secos
um corvo pousou
entardecer de outono"
O poeta curitibano Paulo Leminski, se destaca por sua habilidade em adaptar o haicai à cultura brasileira, incluindo outros elementos da natureza:
"duas folhas na sandália
o outono
também quer andar"
"noite
a vespa pica
a estrela vésper"
"a palmeira estremece
palmas para ela
que ela merece"
A paulista Fanny Dupré foi a primeira mulher a publicar um livro de haicais no Brasil.
Sua obra, "Pétalas ao Ventos", foi publicado em 1949. Abaixo dois haicais de sua autoria:
"Ruge o minuano...
galopa veloz nos pampas
o cavalo baio".
"Estrela cadente.
No seu rastro luminoso
um desejo meu".
Fonte:www.nippo.com.br/zashi/2.haicai.petalas/ |
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